As homenagens são das principais marcas do Festival da Canção de Luanda. Em 2002 a homenagem coube ao Conjunto Os Kiezos e teve como cenário o Palácio de Ferro.
Kituxe e Marito, fundadores da formação musical do Marçal, ainda vivos na altura, estavam nas escadarias deste local histórico. De feliz memória, o Professor Jorge Macedo foi o regente da rapsódia, com Carlos Lamartine, Dina Santos e Voto Gonçalves cantando os temas mais emblemáticos dos Kiezos, com o suporte da Banda Zimbo.
Em 2011, a Tonito Fortunato, por ser um compositor de mão cheia, foi feita uma homenagem, em que, a título excepcional, os concorrentes ao concurso apenas interpretaram temas do autor do álbum “Mafumeira”. Jovens cantores revisitaram as canções “Monami Xiku”, “Nazala”, “Monangambé”, “Menino Triste”, “Palame”, e outras. Marilda Samba conquistou o título de vencedora desta edição ao interpretar “Malalanza”. O sucesso desta iniciativa fez com que a produção voltasse a adoptá-la nos dois anos seguintes, com os dez concorrentes a interpretarem, respectivamente, composições de Paulo Flores e Carlos Lamartine.
Bons tempos com convidados
O Festival da Canção também propicia a actuação de artistas nacionais e internacionais na qualidade de convidados. O congolês Ray Lema, em 2000, e o maliano Salif Keita, em 2005, foram as estrelas africanas presentes. Noutras edições, de Cabo Verde brilharam Sara Tavares e Nancy Vieira e do Brasil vieram Ivan Lins e Maria Gadú. Por número de actuações os músicos de Portugal dominam: Pedro Abrunhosa (esteve por duas vezes, 2003 e 2011), Rui Veloso e Box Band. Os belgas “Vaya Con Dios” também pisaram Luanda a convite da LAC. Gabriel Tchiema, Paulo Flores, Mito Gaspar, Selda, Ndaka yo Wiñi, Eduardo Paim, Paulo Alves e Patrícia Faria são os artistas nacionais convidados para o festival que este ano voltou a receber Filipe Mukenga, depois de o ter feito em 1998.
Ano da 11ª edição do Festival de Luanda da Canção, em 2008 inicialmente Rui Mingas era o convidado especial, tendo gerado uma grande procura pelos bilhetes de ingresso. Mas questões familiares inviabilizaram a presença do artista. A organização conseguiu arranjar um plano alternativo, mantendo no programa os sucessos de Rui Mingas nas vozes de Afrikkanitha, Celsio Mambo, Sara Deme, Emanuel Kanda e Aninhas Sanda, com Simmons Massini na direcção artística.
Rapsódias: as marcas que ficam
Os temas da cantora Belita Palma, em parte compostos pela irmã Rosita, estiveram em destaque na segunda edição do festival, em 1999. A Rebita foi o destaque. Foram chamados ao palco Os Novatos da Ilha e a companhia Minessa, com a Banda Maravilha na execução musical.
Os grandes momentos da música angolana, assim como do folclore, também já foram alvos de rapsódias. A moeda nacional, o Kwanza, também serviu de inspiração para uma rapsódia, recuperando músicas de Minguito, Tonito, Robertinho, Duo Ouro Negro, dentre outros que cantaram o tema intemporal do dinheiro, esse bem que todos querem e que mesmo o tendo todos querem mais, muito mais.
Os 30 anos de Independência Nacional determinaram a rapsódia de 2005, numa aposta em temas como “Kaputu Mwangolê”, “Monangambé” e outros, onde o foco é a luta de libertação nacional e o patriotismo. A Dipanda voltou a inspirar a rapsódia do festival passados dez anos, em “Angola 40 anos de música”, numa viagem rítmica com os sucessos que marcaram as quatro décadas de Angola Independente. Os temas que venceram algumas das edições anteriores do festival também entraram nessa rapsódia.
A compositora Ana Maria de Mascarenhas, autora de músicas como “Passo do Sangazuza”, “Mukonda Dia Kitari”, “Canção Nostalgia”, “Luandos ao Luar” e outras, merecidamente foi homenageada numa rapsódia. Sabú Guimarães, Dom Caetano, Calabeto e Dionísio Rocha deram voz à rapsódia dedicada à Rumba Angolana. O Semba não ficou de fora, com uma rapsódia assente na sua evolução. Foi com este embalo que também foi apresentada a rapsódia “Ngola Ritmos – Os porta-estandartes da cultura musical angolana”.
Musical, proposta que veio para ficar
Outra aposta da produção da LAC para o festival, que deu o seu pontapé de saída em 2011, foram os musicais. Naquele ano a Companhia de Teatro Nzinga Mbandi encenou o quadro musical “Casamento só pra quê”, baseado na música de Heavy C. A capital voltou a merecer a atenção dos radialistas da LAC no quadro “Luanda debruçada sobre o mar”, com Dionísio Rocha e Miguel Hurtz a casarem ritmos e dramaturgia, levando à acção os grupos, respectivamente, de bailado Kilandukilo e de teatro Horizonte Nzinga Mbandi.
O Festival LAC da Canção adaptou a opereta “O Canto da Sereia” para um musical e voltou a contar com a parceria criativa de Filipe Zau e Filipe Mukenga, autores desta obra, em “A voz, a câmara e o saxofone”, onde foi contada a história de Beto Gourgel, Paulino Damião “50” e Sanguito.
Em homenagem aos caminhos-de-ferro e às belezas naturais de Angola foi concebido um musical com temas conhecidos. A Rádio também teve a sua vez, numa noite onde os indicativos dos programas que fizeram história na RNA e estão no imaginário de várias gerações de angolanos foram recuperados. Sendo a LAC a estação do Afrikya, programa dedicado à cultura africana, no ano da Bienal Africana da Paz foi montado o musical “Kutululuka”, com sucessos africanos e nacionais. Os tempos modernos, em que pontificam os celulares e as redes sociais, inspiraram o musical “Alló, Alló”.
Na edição do ano passado foi convidada a Companhia Enigma Teatro para encenar o musical “O percurso da música angolana e suas nuances estéticas”, em que Tony Frampênio dirigiu os actores tendo como base uma trilha sonora com sucessos dos vários estilos interpretados pelos angolanos.
Galeria de vencedores
Entre os intérpretes e compositores concorrentes ao Festival da Canção de Luanda encontramos nomes consagrados. Mas o facto mesmo de ser vencedor do festival tem o condão de “consagrar” o músico, tal é a reputação que o evento da LAC tem. Mirol, Artur Neves, João Alexandre, Kizua Gourgel, Matias Damásio, Irmãos Bândua, Kueno Aionda, Heroide e Wilmar Nakeni são alguns dos campeões do festival.
Jomo Fortunato é o compositor melhor sucedido, com duas conquistas, “Vento” e “Teu Nome é Um”, interpretadas respectivamente por Dodó Miranda e Anabela Aya. Carlos Lopes, Tonicha Miranda, Massoxi Max, Totó ST, Kiaku Kyadaff, Dino Ferraz e Konstantino também tiveram composições suas nas vozes de Dalinho, Célsio Mambo, Guerra Matias, Dino Ferraz, Carla Moreno e Diana Cabango. Nas edições dedicadas às composições de Tonito Fortunato, Paulo Flores e Carlos Lamartine sagraram-se vencedores os intérpretes Marilda Samba, Osvaldo Vicente e Elizabeth Mambo.